E A C O E L H O

UM PRETENSO POETA

Textos

 

Faz mais de um mês que não escrevo patavinas quaisquer.

Fico preso, trancafiado, nas teias duplas do momento político social e o cinza obscuro da mesmice dos pensamentos que me ocupam e nuveiam quaisquer possibiliades de criar um texto, um poema, uma prosa nua dessa mágoa patriótica que tenho que engolir todo dia.

Hoje, 31 de março, assisto os militares, principalmente o exercito comemorando a data, publicando mentiras deslavadas sobre o Golpe de 64.

Vejo, por onde ando, a ussurpação do símbolo maior da nossa pátria, a nossa bandeira, por um grupo de pessoas, por uma ideologia fascista, no maior e mais criminoso assalto aos nossos valores cívicos.

Tenho que saber de um bandido assumido, um criminoso costumaz e midiátrico em permanente deboche à justica maior, o STF, utilizando-se até mesmo do congresso para avacalhar o poder legislativo e com isso contamina com esgoto neofacista dois dos poderes do estado. O terceiro está mergulhado no esgoto desde o golpe branco da Dilma.

Li a pouco, que a média da renda, dos salários, reduziu em 8,8% nos últimos 12 meses, somada a inflação de 10,2 de 2021, trazendo a realidade real do emprobecimento do nosso povo.

Tenho que voltar no tempo, recorrendo às memórias de 2013, 2014, para lembrar que tudo isso que assisto era absolutamente previsto já na época.

Sou forçado a lembrar das mudanças do sistema de aposentadoria, de certa forma apoiada pela população induzida criminosamente pelo neoliberalismo que assumiu o poder do estado em 2015, deixando claro, evidente, sem precisar de dotes de vidente, que levará a população pobre e idosa a sofrer de fome daqui a 15, 20 anos.

Igualmente tenho que buscar na memória recente a reforma trabalhista que abortou todo o progresso obtido em décadas, levando o trabalho, o trabalhador, a se submeter as negritudes da escravidão branca, que tantos teimam em ignorar e/ou negar.

Tudo isso sabendo que o criminoso social maior, candidato a reeleição ainda conta com mais de 30% de apoio do pobre e coitado povo brasileiro.

Definitivamente, não sobra espaço para escrever, para criar textos que falem de amor, de coerência, de sabedoria. Até o arrebol está acinzentado. Até os jardins estão empaledecidos. Até os pássaros cantam tristemente. E tudo isso me conduz ao ostracismo literário.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 01/04/2022


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