FIM DE TARDE
Dia e noite, Vida e morte, Vida que se renova, Morte que não é definitiva.
Assim é o final de tarde, O dia se despedindo, Com a certeza da volta.
Noite que se anuncia, Prometendo ser breve.
Metamorfose em deslumbre, Cores que só os finais de tarde pintam, Mágica se fazendo em sentidos reais, Certeza que viver é um privilégio.
Eu devia ter assistido muito mais, Eu mereceria ter assistido mais, Só assim a vida teria valido mais, Só assim eu teria vivido mais poesia.
Omisso quem não as viveu, Quem não deslumbrou o dia se indo, A noite chegando devagar, bem devagar, Omisso que refutou a poesia desenhada no céu, Quem não parou para assistir o milagre do tempo.
Entendo quem não valoriza o arrebol, Quem reFuta as nuanças ao seu redor, Quem entende mera bobagem os finais de tarde, Do mesmo jeito que entendo a brutalidade cega.
Entendo a ausência de gosto pelo belo, Mas sinto e essa realidade me entristece, Eis que me faria mais poeta, mais humano, Assistindo meus pares todos vivendo mais, Pelo menos os fins de tarde.
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 04/11/2021
Alterado em 04/11/2021 |