LAMPIÃO
A chama branda, De brandas lembranças, Sopradas suavemente pela aragem, Que a faz bailar, quase pairando, quase mórbida, Emergindo do lampião que exala simplicidade e querosene. A chama pálida, quieta, quase sonolenta, Réstia de luz ofuscando o breu da noite medonha, Alumiando as paredes toscas de tábuas brutas, Claridade vazando entre as frestas e as telhas enfumaçadas, Do casebre protegido pelo bosque sombreiro que quase a cobre. Dentro, ao redor do lampião, vidas repassam a vida, Sonhos costurados na penumbra da sua luz tão cândida, Que disputa a noite com o luminar de estrelas, Enquanto a panela ferve sobre o fogão a lenha, E o sussurro das conversas quebram o silêncio do bosque. Ao longe se vê a fumaça subindo ao céu, Vê-se a luz cândida e tímida em meio ao bosque, Vê-se a poesia tomando forma, transformada em poema, Enquanto a lua já atrasada vai surgindo detrás do morro, Para fascinar o poeta que assiste a tudo, E se embriaga - de poesia. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 02/06/2012
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