É TARDE
A tarde vai perdendo forças, Cores da noite já pintam o céu, E a penumbra vai tomando corpo, Nas alamedas que adentram o jardim, E nessa tristeza bucólica e colorida , O dia, já saudoso, vai acenando ao sol. Pássaros em alvoroço buscando a pousada, Luzes artificiais, ainda pálidas, chamam a noite, E do meio do arvoredo vem um canto triste, Do sabiá que chora de saudade não sei do que, Nem de quem, mas que bolina a melancolia. O parque também vai esvaziando devagar, A algazarra das crianças vai silenciando, Um a um tomando rumo conhecido e certo, E o dia empalidecendo de vez, já sem forças, Cedendo vez e sombras à noite soberana, audaz. O homem baixa os olhos ao chão, Como que olhando para dentro de si, O sabiá ainda canta, como em desalento, E a melodia ecoa nos guetos e na sua alma, Rebuscando imagens que sua memória guarda. A noite sempre o açoita com saudade, O sabiá o arremeda no seu choro harmonioso, E o dia sempre o intimida em cada despedida, Nesse lento e macambúzio aceno com pano negro, Restando a solidão que o escuro sempre lhe reserva. O sabiá cala, a noite toma forma definitiva, As luzes dependuradas clareiam seus passos, E o homem vira as costas para o parque e se vai, Tomando a calçada que o leva não sei onde, Certamente para onde mora com suas lembranças. Nem vê a lua que vai surgindo........ Tímida. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 25/08/2011
Alterado em 18/08/2015 |