DO MENINO AO MAR
Saudade aperta o peito, Projeta na tela da mente, Lembranças dos tempos idos, Correndo como as águas do ribeirão. Assisto o filme com meu enredo, Vejo o menino grande em sonhos, As brincadeiras inconseqüentes, E as inconseqüências da juventude. Passeia nas páginas da memória, O primeiro poema, a primeira paixão, O primeiro gozo debaixo na goiabeira, O primeiro beijo, o primeiro toque, Na intimidade da primeira namorada. O primeiro experimento do sexo, Quando me senti pela primeira vez, Homem feito, de barba, tórax e pênis, E capaz de contentar uma fêmea e minha. Vejo o filme correr, formando uma saga, O primeiro emprego, a responsabilidade, O cordão da dependência arrebentado, O filho que chegou, o senso do prover, A vida real batendo na porta e no peito. Simples opiniões virando conceitos, A idade madurando e permitindo conselhos, Os primeiros provérbios vomitados pela dor, A solidão retomando as madrugadas frias, O desamor tomando forma de melancolia e ardores. Novas conquistas, outra e outra sedução, Camas alheias, lençóis desconhecidos, corpo alheio, Fugas, consciência madrasta, arrependimento, recomeço, Aventuras misturadas às responsabilidades reassumidas, E a vida correndo, avançando no tempo, no senso, no tino. Maturidade chegando, Saudosismo batendo na porta da alma, Reparos pretendidos no passado estático, Reconhecimento dos erros e dos acertos, E o filme correndo feito ribeirão a caminho do mar. Esse mar de vida que parece infindo, Ilusão do querer, certeza da finidade. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 20/02/2011
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