PRATO VAZIO
Nesse lado avesso da sociedade madrasta, A lei nociva do mais forte também vigora. Ainda mais lasciva e medonha que na selva, Onde a força só vale para abrandar a fome, Sem a ilimitada ganância que nos faz tão vis. Exatamente onde os seres pensam e sentem, Onde o sentimento é conjugado em toda esquina, Logo nós, humanos, supridos do saber e do pensar, Sublimamos o amor, mas refutamos a partilha, Verbalizamos solidariedade, mascarando a intenção. Lá na selva a ganância tem o limite do estômago, E apenas os instintos são suficientes para o equilíbrio, Enquanto aqui na selva de pedras, concreto e vidro, Guiada pelo ter, pelas moedas e pela avareza atroz, Abrandamos sempre a sede do ter com água de mar. E nessa cadeia desigual do nosso meio inteligente, Ignoramos a sabedoria que o instinto nos instiga, Enquanto cofres repletos ainda são insuficientes, Ainda existem bocas famintas e pratos vazios, Realidade tão tosca, numa sociedade tão torta. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 07/11/2010
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