APENAS UMA FOLHA
Sobre a mesa uma folha de papel, Branca e límpida, pura e receptiva, Pronta para receber qualquer destino. Entre os dedos uma caneta, Sujeita a qualquer ordem. Submissa, servil, obediente e cega, Pronta para sacramentar destinos. Um ser, uma mente que lateja, Pronta para o dito e o veredicto, Imaginação fluindo, viajando muito além, Dos traços que pintam a branca folha, Do passeio da caneta que dança e marca. As letras traçadas sobre o branco submisso, A caneta que passeia compondo palavras, Traçam dores feito cortes na carne virgem. Um envelope de coração gélido, Abarca e sela o contexto da mente fria, A caneta já fez seu papel escravo, O papel preso ignorando a dor que contém. Outro ser que chega atento, Sobre a mesa o envelope com seu nome, Libertada a folha antes branca e pura, Agora transformada em fria despedida, Fazendo derramar lágrimas sobre o papel. Chora o ser, mancha-se o papel, Desfazem-se as palavras traçadas, Ficam as dores no coração relegado. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 06/10/2010
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