QUADRO
Uma tela toda branca, ainda vazia, E os dias correndo, portando pincéis, O livre arbítrio escolhendo as cores, E as imagens se fazendo no pano limpo, Sem moldura, sem marcas, sem digitais. A liberdade de expressão e formas, Que o tempo vai tecendo sem pensar, Formando as marcas do artista menino, Então misturando sonhos e tintas, Formando cores, imagens e ideais. A vida é renitente, não pinta a lápis, Não tem borracha para apagar os erros, A tela não é sonho, fantasia de poetas, Que joga folhas escritas no cesto do canto, E recomeça vida nova para suas quimeras. Nos corredores infindos de todo tempo, Como nas calçadas das ruas e dos guetos, Quadros pendurados mostram imagens, Pinceladas com cores, as mais íntimas, Do vermelho berrante ao cinza pálido, Da natureza morta ao obscuro, abstrato. A vida é um pano transformado em tela, As cores, as imagens e os sentidos são nossos, A moldura somos nós que fizemos, quem escolhemos. O quadro que carregamos nos braços da alma, Com quem hoje passeamos e exibimos à multidão, Amanhã estará dependurado em paredes frias, E serão tão somente as imagens que pintamos. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 24/05/2010
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