NOITE
A noite é para o poeta, para o ladrão, Permite tudo que a escuridão esconde, Protege até o que a consciência condena, Expõe tudo que o dia constrói e vela. Só a noite tem lua que prateia até o pobre, Tem madrugada que acoberta todo choro, Escuridão que encobre amantes e pecados, Que permite ébrios e até versos bêbados. Nas noites, enquanto a cidade dorme, A intimidade das casas constrói filosofia, Os bordéis repletos desfilam a decadência, E a vida descuidada mostra a outra face. Nas noites os anjos vagueiam e protegem, Os demônios conquistam e incitam almas, Enquanto o orvalho molha as calçadas, E o sereno abranda os heróis que dormem. Enquanto a prostituta conta a féria, O operário passa o café do desjejum, O galo canta e anuncia o sol que chega, A vida sóbria recomeça, agora a descoberto.
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 08/05/2010
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