O QUE EU FAÇO AGORA?
Bati a porta sem olhar para traz, Tomei a rua jurando não voltar jamais, Rompendo a fantasia, o sonho, o ideal. Remoí toda paixão, mastiguei os hábitos, Vomitei toda a história e me fui para sempre, Lapidando as horas, que não passam, E esse tempo lento, quase inerte, Vagando sobre minha cabeça, Pesando no peito, sufocando o alma. Jurei não olhar para traz, convicto, E as lembranças, o que faço com elas? O que faço quando o coração acalmar, Quando sossegar a ânsia do ânimo Quando a saudade apertar, a noite chegar? O que eu farei amanhã, Quando a manhã chegar E não tiver tua voz, para me acordar, Não tiver teu calor, quando despertar, Não tiver esses braços, para me apertar, Não tiver o teu corpo, para me aninhar, O que eu faço? O que eu farei amanhã? Quando mesmo sem querer eu olhar para traz E for inevitável chorar tua falta, Amargar a saudade a me atormentar, Reviver teu abraço e essa boca tão minha, Sentir o teu cheiro em cada lugar. O que eu faço agora com a porta fechada, Com esse orgulho atrevido, incoerente, mordaz, E essa saudade antecipada, a dor do porvir, A lembrança macabra que se forma e já machuca. O que eu faço agora?
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 09/02/2010
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