PASSEIO
Passeando pelos caminhos já trilhados,
Revendo as pegadas deixadas na estrada, As marcas fincadas em cada esquina, Repensando as dúvidas e certezas havidas, Revivo palmo a palmo todo pedaço de chão, Da exata forma que me reconheço no espelho. Nas encruzilhadas onde escolhi destinos, Agora já conheço o futuro que escolhi, Repasso cada passo, cada resquício da dúvida, Reconheço cada pedra que o tempo me atirou, E sei dos cortes, das dores e da sangria já atada, E das mágoas que mastiguei e lancei ao vento. Quisera que o filme já roto que assisto agora, Mostrassem somente as imagens que prefiro, Somente os risos, as glórias, os regalos e o gozo, Dos prazeres que degustei e com que me deleitei, Sem esse gosto amargo dos desacertos e desventuras, Das atitudes incertas dos tortos caminhos escolhidos. Quisera que a tela que espelha essa viagem no tempo, Projetasse as esquinas e encruzilhadas do porvir, E setas indicassem o sentido do arbítrio e juízo ideal, Que evitassem arrependimentos, recomeço e pesar, Assim como uma receita da salada da vida perfeita, Com cores, aromas, cheiros e gostos só de prazeres. Agora vou passear pelo futuro, caminho em trevas, Vou continuar tateando nos corrimões da vida, Agora, calejado pelo relho das atitudes impensadas, A cautela será minha guia nas curvas do caminho, Evitarei pressa nos labirintos, currais dos precipitados, Buscarei sombras e braços para aconchegar o cansaço. E assim irei caminhando, passeando pela vida afora, Na mochila presa às costas todos os amores conquistados, Sem lamentar aqueles que se perderam nos vendavais, No peito o conforto das raízes fincadas nos ideais, No coração a certeza da ausência de toda mágoa, E nas mãos a bandeira dos valores que me norteiam.
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 06/01/2010
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