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MASSACRE SOCIAL
Tamanha vontade arde minhas entranhas, Minha garganta evoca gritos abafados, A incompreensão quase me alucina, E os braços se atam cercado pela covardia. Rendo-me besta, assistindo toda sorte, Toda a revolta se perdendo na vontade, Que se esvai embaralhada em marasmo, Mercê dos temores, ritual da mesmice, Submissão teimosa, servil ultraje cotidiano. Assisto arredio essa saga mesquinha, Triste sina do pobre perpetuando os hábitos, Dando-se por inteiro em troca de migalhas, Sofrendo completo, rindo da própria desgraça, Inconteste obediência aos poderes infames. Engulo a seco a mediocridade do medo, Medo do desemprego, do castigo divino, Medo da enfermidade, da desgraça social, Medo do poder que morde até o espírito, Que suga até a derradeira gota do orgulho. Cruzam-se os braços conformados na fé, Fé na compensação e na graça divina, Na crença dos valores da honra cultuada, Na esperança no retorno dos atos e hábitos, Cega certeza que o bem abaterá os abutres. Não devo me resignar me fazendo cego, Não vou abafar os gritos de inconformismo, Não calo diante das barbáries sociais, Nesse massacre do poder sobre o caráter, Nessa exploração da boa fé das almas sãs. Meus gritos não escoam, Os sinos não me ouvem, Os vampiros me amedrontam, Mas não me deixo soterrar pela hipocrisia. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 08/02/2013
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