OLHOS TRISTES
Não perguntem o porquê dos meus olhos tristes, Nem do silêncio morno que sempre me acompanha, Meu olhar vive a buscar caminhos já empoeirados, E minhas palavras já não fazem qualquer diferença. Meus sonhos foram furtados em cada despedida, E sempre os refiz às custas da minha solidão. Partilhei tantos planos e os dividi nas esquinas, Das encruzilhadas que a vida tanto me aprontou, Resta então o silêncio das lembranças tortas, Que somente meu isolamento mórbido endireita, E somente meus olhos inertes são capazes de refazer. As histórias que tenho para contar são tão longas, Que somente minha paciência é capaz de escutar, O que aprendi nas estradas virou mera filosofia, Que os interesses apressados sempre a julgam vã, Mas eu rio sim, das graças do meu viver sem graça, Aos olhos incultos dos bobos barulhentos fanfarrões. Meu silêncio é morno sim, mas sempre aconchegante, Melhor que o calor efêmero das labaredas de palha, Feito promessas vagas que até as brisas varrem, Exatamente como as tantas que me foram enunciadas, E que meu silêncio recorda, meus olhos ainda avistam, E me fazem assim aparentemente triste e melancólico, Mas que somente traduzem a reflexão do meu aprendizado. Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 14/11/2012
Alterado em 15/11/2012 |