E A C O E L H O

UM PRETENSO POETA

Textos

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Tenho me dedicado, nos últimos meses, a estudar a corrupção. E quanto mais leio e mais escrevo a respeito, mais indignado vou ficando. Vou ficando indignado porque não vejo saída para esse câncer social. Todo o aparato político social está montado, arquitetado, dentro de um contexto corrupto, para atender aos interesses não do povo, não do país como um todo, não da sociedade no seu âmbito, mas para atender a elite social. Todas as regras e convenções sociais, as ditas leis, existem para proteger a elite e condenar, encarcerar, os pobres.

Vou assim concluindo, tristemente, que apesar de toda evolução tecnológica e cultural, socialmente continuamos como nos velhos tempos dos coronéis, dos senhores de engenho, dos feudos. Toda a legislação que vai se atualizando, faz-se unicamente para castigar mais pobres, os escravos brancos, os mesmos plebeus, apenas atualizados e para proteção da mesma elite feudal.

A justiça tem endereço certo. A legislação existe para punir e penalizar os pobres. Os pequenos crimes contra o patrimônio, ou seja, os pequenos roubos e furtos. Somente nos últimos anos, é que tem havido uma demanda de condenação dos traficantes de drogas, mas também somente do "pequeno", o repassador. As penas não chegam aos grandes, ao poder do tráfego, pois, esses normalmente são pessoas ligadas ao corporativismo da elite
E chego mesmo a pensar que toda essa atenção, prisão e condenação dos traficantes, não têm outro motivo que não seja o fato de que se trata de um comércio sem impostos, à margem da elite, ao invés dos prejuízos sociais que a droga provoca. Droga por droga, temos os cigarros e as bebidas alcoólicas. Mas essas pagam impostos, então.......

Para melhor entender tudo isso, recomendo que pesquisem a população carcerária do Brasil. Concluirão que mais de 70% são de pessoas com formação escolar igual ou inferior ao ensino fundamental. A grande maioria apenas alfabetizada. Pessoas com curso superior representam menos de 0,5%. Apenas 0,13% são condenados por crime contra a administração pública (sonegação, corrupção, apropriação de erários, falsidade ideológica, etc) e este é o maior crime que se comete no país, seja em prejuízo e malefício financeiro, sem em prejuízo social. Mais de 90% da população carcerário é de condenados por pequenos roubos e/ou tráfico de drogas.

Mesmo os condenados por assassinato, são uma minoria e assim mesmo a grande maioria compostos por gente pobre, de periferia, por brigas de vizinhos, parentes e bêbados. Os grandes crimes, nem mesmo são elucidados. Os poucos apurados, as benesses que a lei oferece para com a elite e todas as brechas dos recursos intermináveis, formam assim uma carapuça de proteção. O aparato policial existe para coibir os crimes periféricos. Os grandes crimes, os verdadeiros crimes sociais, são cometidos em gabinetes, em grandes escritórios, nas mansões e nestes locais a polícia não chega. E se chega, é calada, por pressão ou propina.

Mas não poderia ser diferente; as leis são criadas pela elite e, evidentemente que estão a seu serviço. A polícia também está a serviço da elite. A justiça é para proteger a elite. Jamais os pobres. E pobres não cometem grandes crimes. Raramente um pobre é corrupto, até porque se fosse corrupto, não seria mais pobre. Então, vamos parar com essa demagogia de que a justiça é para todos. A população carcerária mostra, matematicamente, a realidade. E números não mentem, nem enrolam.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 18/11/2011


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