MENINO DE RUA
Pau que nasce torto, morre torto,
Mas menino não é pau. Tortas são as ruas, Que entortam os meninos, Que sugam dos meninos seus sonhos, Que desviam os meninos do seu caminho, Que os afastam do direito. Tortas são as ruas, E os desnudos de sensibilidade que nela caminham, Os gananciosos que roubam até os meninos, Menino quando nasce, É árvore viçosa, Vis são os que roubam até sua seiva. Menino nasce reto, Tortas são as ervas daninhas, Travestidas de liberalistas, capitalistas e outros “istas”. Que habitam, que dominam as ruas, Que entortam até os meninos. Tortas são as curvas do ceticismo humano, Os barrancos onde se encosta o barbarismo social, A exploração do semelhante, Por conta da modernidade. Menino não é pau, Não nasce torto, As ruas tortas e seus habitantes tortos o entortam, Em volta da qual vivem abutres E meninos.
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 05/12/2009
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